12 de novembro de 2012

Uma Máquina de Lutar


   Nem pense em chegar na academia Rio Jiu-Jitsu Clube em dia de Maracã se a intenção for falar com o prof. Murilo Bustamante. Com compromisso inadiável, ele justificará a pressa com uma resposta curta e grossa: “É jogo do Flamengo”. Faixa preta de jiu-jitsu, Murilo, se não for o mais está perto de ser, é o professor mais fanático pelo clube. Tanto que até o letreiro de sua academia, contrariando seu sócio tricolor, é vermelho e preto. Não só o letreiro, o logotipo também. “Sou Flamengo mesmo, não como aqueles que não ligam para futebol”’, adianta, resignando-se que as peladas dos finais de semana tiveram que ser reduzidas para uma por ano devido ao risco de contusões, treinamento, administração da própria academia (Rio Jiu-Jitsu Club, em sociedade com Ségio Souza) e o término do curso de Economia na UERJ, previsto para este semestre. 

   Bicampeão Brasileiro de jiu-jitsu, campeão do II Universal Vale Tudo Fighting (UVF) e do I Martial Arts Reality Superfighting (MARS), Murilo não esconde o desejo de voltar a competir de kimono, só não sabe quando. “A prioridade é vale-tudo, porque é a parte profissional. Se tivesse retorno financeiro ficaria competindo jiu-jitsu que é o que eu mais gosto. Lutei minha vida inteira de kimono; você faz uma preparação profissional para ter um resultado amador”’, explica o preta, que com 30 anos, tem uma bagagem de duas décadas de Arte Suave sob os ensinamentos do Mestre Carlson Gracie. 

   Quando empatou com Tom Erickson, wrestler 40kg maior, no I MARS, a polêmica “‘tamanho x técnica”’ se intensificou ao ponto do maior evento desta modalidade, o Ultimate Figting Campionchip (UFC), ter adotado categorias de peso. Diante da possibilidade de participar do evento em julho, Murilo vem direcionando seu trabalho físico para manter seu peso. Com 1,87m e 90kg, vem enfatizando a parte aeróbica cardiovascular com corrida, natação, esteira e ergométrica, kempô, musculação, yoga, boxe, manutenção de jiu-jitsu esportivo - ministra aulas em duas academias - e uma alimentação praticamente integral. 

   Com o dia lotado, a noite e o tempo livre são dedicados à namorada Luciane. Quando não tem clássico. “Gosto de ir ao Maracanã, adoro o Maracanã”’, entusiasma-se, lembrando a final do Brasileiro de 92 - numa situação familiar ao Estadual deste ano - como o jogo que mais o marcou: ‘’Não ia ao Maracanã há muito tempo. O Botafogo era o favorito e o Flamengo ganhou de 3x0 o 1º jogo’’. 

   Caçula de cinco filhos flamenguistas, Murilo não teve muita escolha: já nasceu vestindo o manto sagrado. Mas nada que o forçasse a ser doente pelo time. Mas, uma vez Flamengo, sempre Flamengo, o presente para o temporão da família (Murilo é cinco anos mais novo que sua irmã e nove que o irmão mais velho) tornou-se uma de suas maiores paixões. Sobre o Mengão de hoje, acha que falta um jogador de valor. “Raul, Leandro, Rondinelli, Mozer, Júnior, Andrade, Adílio, Zico, Tita, Lico e Romário”, sugere, sem pestanejar, qual seria o time ideal, sabendo que está se referindo a quase toda formação de 80. “O melhor time do Flamengo”, diz, sorrindo, como se estivesse ganhando uma luta.

Revista do Flamengo

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