12 de novembro de 2012

Royler Gracie

   Ele não é grande nem forte, quesitos que, em sua opinião, destacam um atleta. Muitos o consideram um dos melhores e mais técnicos faixas preta em atividade. Não é para menos. Com 1,73m e 66kg, Royler Gracie é, como o pai, a prova da eficiência do Jiu-Jitsu, Arte que por pouco não aprendeu antes mesmo de andar. "Não conheço ninguém que competiu mais do que eu em jiu-jitsu. Só na preta foram mais de 200 lutas. Não falo isso da boca para fora, tenho gravado", diz o único representante da família presente às duas edições do Campeonato Mundial. "Gosto de competir, de testar minha capacidade", simplifica. 

   Royler não é só único Gracie a participar de eventos de jiu-jitsu mas também é um dos poucos que permaneceu no Rio. É aquela velha história: como Narciso acha feio o que não é espelho, ele bem que tentou se mudar para Los Angeles mas não conseguiu morar mais do que dois anos longe da cidade que é a sua cara. "Não me adaptei. Acho o povo americano muito frio. Ninguém tem amigo, lazer". 

   E ele sabe do que está falando. Sua vida está enraizada no Rio. Aqui ele mora perto da praia do Arpoador - um dos melhores picos para surfar em sua opinião, os outros seriam Saquarema e Prainha - com a mulher Vera e as três filhas: Rayna, 10 anos, Rayssa, 8 e Rhauani, 6. Acostumado a casas cheias de crianças, é o sexto filho de oito irmãos criado com 21 primos de 1 grau, Royler já encomendou mais um para acompanhá-lo. "Ou faço um time de futebol de salão e ponho minha mulher no gol, ou faço um garoto para ficar de gândula para as meninas", fala sem saber ainda o sexo do herdeiro que chegará em janeiro. Como seguro morreu de velho, ele adianta que "a firma ainda não fechou". 

   Aqui também estão cinco das nove filiais da Ac. Gracie - Humaitá, Iate, Tijuca, Bonsucesso e Niterói - onde ele ministra aulas cinco vezez por semana. e supervisiona 1.300 alunos, somando as filiais de Manaus, Fortaleza, Belém e New Jersey. "Meu dinheiro hoje vem das aulas. Nem posso dizer que ganho com Vale-Tudo porque não faço muitos, até gostaria de fazer mais porque realmente ganha-se mais dinheiro, mas também você bota tua cara na reta", conta ele, que fez dois Vale-Tudos por achar que todo professor de Arte Marcial que queira saber seu limite, pisa num octagon. 

   E é a realização ou não de um Vale-Tudo que tem sido o assunto de dez entre dez rodas de lutadores. Afinal, o Rickson luta ou não? "Essas pessoas estão preocupadas com ele de uma maneira... Se ele não quiser mais lutar é problema dele. Cada um que faça sua carreira, isso que é importante", diz Royler, que por várias vezes também vê sua vida ser invadida por terceiros. "O brasileiro, até mais que os outros povos, se preocupa mais com a vida dos outros que com a própria. Nunca falei que tinha parado e não estou preocupado em dar a volta por cima porque não tenho que mostrar nada pra ninguém; tô sempre competindo contra mim mesmo, acho que este é meu maior defeito, então estou sempre buscando uma coisa a mais", esclarece, referindo-se aos boatos de que o Mundial seria seu último campeonato. Pura intriga da oposição que esquece que o introdutor da Arte no Brasil é pai deste faixa preta e aos 82 anos continua na ativa. 

   Se Royler vai ou não chegar a tanto, é cedo para dizer. Respirando Jiu-Jitsu 24 horas por dia, como diz, ele acredita que tudo o que se faz de bem, retorna da mesma forma. Treino forte e técnico de Jiu-Jitsu intercalados, mais corrida e musculação na ac. Heavy Duty, complementados pela adaptação do Judô ao seu jogo, foram sua fórmula para conquistar o bicampeonato mundial. Quanto a outro confronto com Amaury, ele registra a vontade e uma idéia: de uma luta casada. "Gostaria de lutar com ele em outras condições. Já tinha lutado sete vezes, meu coração queria fazer mais mas meu corpo não deixava, e não tive condições de oferecer à ele o perigo e a pungência de um lutador em sua primeira luta. Temos condições de fazer um grande espetáculo em outra ocasião". 

   Quem se interessa? Show é que não vai faltar, afinal, reunindo o nome, a técnica e a origem, Royler é a própria encarnação do Brazilian Jiu-Jitsu: aquele que nasceu e se criou no Rio, nunca vai abandonar a cidade e virou mania internacional sem perder as raízes. 


Patrocinio: ICJG, kimonos Machado; apoio de Pharmácia Equilibrium e Netinho 

Tristeza: Miséria e fome no país que eu tanto amo 

Alegria: Minha família 

Melhor momento: Nascimento das minhas filhas 

Pior momento: Ser injustiçado num campeonato quando você tem certeza que ganhou 

Sonho: Dar a volta ao mundo com minha família 

Consumo: Continuar sendo feliz fazendo o que gosto 

Não fez: Tudo que tenho vontade, faço 

Fez: Às vezes me arrependo de ser honesto demais e falar as coisas na cara 

Objetivo: Apesar de ser novo, acho que já consegui as coisas que mais queria na vida que eram, acho que é o que todo cara procura hoje, ter um bom trabalho, ser reconhecido e uma família maravilhosa 

Golpe: Aquele que flui mais fácil na hora, o que estiver melhor para mim 

Surf: Arpoador, Saquarema e Prainha 

Melhor e pior luta: Com o Peixotinho na Copa Lighting Bolt; Com o Márcio Feitosa na II Copa Pelé 

Melhor e pior que viu: Rickson com Sérgio Penha; Não vejo nenhuma pior, procuro sempre tirar proveito mesmo ela sendo ruim 

Adversário: Minha vida; Tô sempre brigando com ela 

Mulher: Fora a minha, Luiza Brunet 

Qualidade: Sinceridade 

Defeito: Às vezes sou um pouco estressado 

Superstição: Passar perto de escada perto de campeonato 

Mito: Acredito que da família que eu vim, tem que ser da família. Vi pouco meu pai lutar, apesar de tê-lo como um cara que está acima de todo mundo. Um cara que quando eu era garoto eu vi lutar bastante foi o Rolls 

Ídolo: Rickson 

Quem foi o melhor: Não faço essa comparação. Não tô preocupado se é ele, eu ou outro. Os dois (Rickson e Rolls) eram. Eram estilos diferentes. O Rolls era super agressivo, rápido e eu me espelhei muito no jogo dele. O jiu-jitsu que eu pratico hoje devo à ele, porque treinava com ele quando era garoto. Ele parecia um gato de tão rápido, acho que pensava mais rápido que o próprio raciocínio 

Rickson: Talvez conseguiu reunir um conjunto que os outros não conseguiram, que é força, peso, técnica agilidade e velocidade de raciocínio. Ele consegue prever a posição com uma velocidade muito grande. Eu me considero um cara muito bom mas não tenho esse conjunto, não sou pesado nem forte 

Jiu-Jitsu n 1: Tenho um pai, não como o n 1 do jiu-jitsu, que foi o mentor de tudo isso, e se a gente pratica jiu-jitsu hoje e tem um n 1, é graças à ele 

Octagon: Rickson 

Coleman: É um lutador como outro qualquer, não é uma máquina e tem o direito de perder; ele não é invencível 

Vítor Belfort: Tem muito a aprender ainda, ele é novo. A minha família já faz parte da história, não estamos querendo entrar 

Futuro do Vale-Tudo: Se não houver uma organizaçâo, já já vai se perder 

Futuro do Jiu-Jitsu: Muito mais organizado, capaz e objetivo 

Filosofia da Arte: Não compete à mim falar, ma à CBJJ 

Recado: Para você ser um grande campeão não basta só treinar, deve ter boas atitudes, boas vibrações, mas acima de tudo deve ter respeito 




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