Teshuvá, teshuvá, teshuvá.... Mas, afinal o que significa
esta palavra que não param de falar desde o mês de Elul?
Bem, para começar a explicar, precisamos trazer a tradução
correta da palavra Teshuvá, que por si só já explica muita coisa. Muitas vezes
traduzida erradamente como “arrependimento”, Teshuvá significa “retorno”. Mas,
retorno ao o que é a pergunta clássica. É um retorno a quem realmente nascemos
para ser.
Um yehudi nasce com um objetivo neste mundo, que lhe foi
outorgado por D´s antes de seu nascimento. Tipo, D´s fez com que nascêssemos de
nossos pais porque temos uma missão a cumprir aqui sendo quem nós somos. E
quando um yehudi nasce, ele recebe de D´s uma parte da Alma Divina. E D´s só
nos pede que tomemos conta desta alma e que façamos o que Ele nos recomendou
quando nos outorgou a Torá: seguir Seus mandamentos, trazendo santidade para
este mundo material e transformando este mundo numa morada para Ele.
Mas D´s, em sua infinita Sabedoria já sabia que o homem
cometeria diversos erros e antes mesmo de criar o mundo, criou a teshuvá (*1).
E quem foi o primeiro homem que utilizou este conceito? Foi Caim, que ao ser
interpelado por D´s depois de matar Abel, se arrependeu do que fez e assim
poupou sua vida. Caim fez teshuvá antes mesmo de seu pai, Adam. De acordo com
as Hagadot, Adam ao ver a teshuvá de Caim, disse: “Se eu soubesse que era tão
fácil ter a vida de novo, já teria feito isso há muito tempo”.
Este é outro conceito muito importante que nossa sagrada
Torá nos traz: que nunca é tarde para voltarmos ao nosso caminho. Ok, ok...
Muito bonitinho tudo isso, mas não adiantará nada se você não entender, né?
Então, vamos visualizar.
Imagine uma linha reta. Este caminho tem dois pontos
somente: você e D´s. Simples, assim. E seria ótimo se conseguíssemos seguir
este caminho sem sobressaltos. Mas, como disse o Rebe Nachman de Breslov, “a
vida é uma ponte muito estreita e o importante é não ter medo”.
Só os tsadikim conseguem chegar até D´s sem nenhum arranhão.
Nós, como seres humanos, escorregamos, vacilamos, criamos bifurcações onde não
existiam, retornos desnecessários, saídas que levam à outras estradas... E
assim vamos vivendo erradamente.
D´s concedeu ao homem o livre arbítrio, que é a capacidade
que nenhuma outra criação tem de pensar e falar. Lembram daquela linha que era
pra ser nossa vida desde nosso nascimento? Então, D´s jamais nos abandona, ao
contrário: seja lá onde formos parar, D´s em Sua infinita bondade, nos aguarda
de braços abertos ao lado daquela linha para quando voltarmos à Seu caminho.
Mas, com tantas pessoas neste mundo, porque D´s precisa
justamente de mim ou de você? Porque D´s nos criou para sermos seus parceiros
na criação do mundo. Em uma das últimas parashiot da Torá, D´s adverte o homem:
“Vê que hoje coloquei diante de ti o bem e o mal, a vida e a morte.... Escolhe
pois a vida”. O Talmud Yerushalmi traz: “Perguntaram à sabedoria: ‘Qual é a
punição do pecador’? Respondeu a sabedoria: ‘o mal perseguirá os
transgressores’. Perguntaram à profecia: ‘Qual é a punição do pecador’?
Respondeu: ‘A alma pecadora falecerá’. Perguntaram à Torá, e ela respondeu:
‘Traga uma oferenda e será perdoado’. Perguntaram à D´s e Ele disse: Faça
teshuvá e será perdoado’”.
E como deve ser feita a teshuvá de verdade? Em primeiro
lugar, devemos ter em mente que só seremos bem sucedidos se abandonarmos aquele
caminho errado. Porque com certeza cairemos nele de novo. E, não adianta teimar
com D´s que conseguiremos andar por aquele caminho que já nos levou a errar
tanto mas que seremos fortes e não cairemos em tentação, porque não é assim que
acontece na vida real. Somo seres falíveis. De acordo com o Rambam, em seu
livro Halachot Teshuvá, a mesma é
constituída de quatro partes: arrependimento, confissão oral, abandono da
transgressão e a resolução de nunca mais agir da mesma maneira. Estes passos
devem ser verdadeiros, porque podemos enganar os outros e até a nós mesmos, mas
nunca a D´s, e só Ele que nos interessa.
Gmar vechatimá tová,
Marcella Becker Warszawski
(*1) Sete coisas foram criadas antes do mundo: Torá,
teshuvá, Gan Éden, Guehinom, Trono celestial, Templo Sagrado e o Nome de
Maschiach.
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