Poderia por favor parar de me confundir com os fatos?
No mundo da literatura e entretenimento, uma história de
ficção sempre conquista o coração do público. É muito fácil entender o porquê:
com a ficção você está livre para usar a imaginação e criar um herói perfeito e
uma história perfeita. Considerando que, no mundo da não-ficção, a regra é que
você tem que ficar com a verdade. Mas isso é realmente assim? Aparentemente, nos
tornamos tão loucos com a ficção, que não só podemos usá-la sobre a notícia, como
quando a verdade vem à tona - preferimos ignorá-la.
Deixe-me fazer uma pergunta: o que significa o nome de
Mohammed al-Durra para você?
Você pode lembrar esse nome porque ele foi mencionado pelos captores
do falecido jornalista Daniel Pearl, segundo antes dele ser cruelmente degolado
ao vivo para o mundo inteiro ver. O nome de Mohammed al-Durra, a criança mártir
foi mencionado.
A foto comovente de al-Durra, tirada segundos antes de sua
morte, tornou-se famosa tanto no mundo muçulmano como no ocidental. Em selos do
Iraque e no Irã, por exemplo, aparece com a legenda: Assassinado pelo exército
sionista na Palestina. Uma criança morta é o preço mais terrível da guerra. É
uma maravilha que centenas de pessoas se enfurecem e morreram em nome desse
menino?
O único problema com essa tragédia mitológica é que ela não
é verdade. Eu não sou a autoridade pra dizer isso, por sinal. É a suprema corte
da França que deu a decisão final, na semana passada. Você já ouviu falar sobre
isso? Provavelmente não. Nos últimos 12 anos, estamos tão ligados no mito que realmente
não queremos destruí-lo.
A história original do menino Mohammed al-Durra é sobre um
garoto que foi pego juntamento com seu pai na linha de fogo ente as forças israelenses
e os palestinos, no início da segunda intifada. A televisão francesa exibiu um longo
vídeo dele tentando se esconder atrás de um barril, chorando entre as balas,
até à sua morte em colapso no colo de seu pai. O IDF foi responsabilizado e o
ódio contra Israel rompeu mundialmente.
Ao longo dos anos, novas descobertas veiaram à tona sobre
esta história. Tudo começou com uma investigação minuciosa do IDF, que concluiu
a direção do tiro que atingiu o menino veio de balas palestinas, e israelenses.
Em seguida, um relatório da televisão alemã mostrou que os restos mortais do
menino enterrado, eram de outro garoto que não de al-Durra, levantando a
questão se tudo não passara de uma encenação com fins de propaganda. Revelou também
que o repórter não era da France 2, mas um palestino que deu o material à
emissora francesa sem verificar sua autenticidade.
Mas a maior mentira foi exposta na semana passada pelo
Supremo Tribunal francês: o pai do menino mentiu para a TV francesa que seu
braço e perna foram feridos nesse mesmo incidente em que seu filho morreu. Pura
e simplesmente, ele mentiu, provavelmente porque foi forçado por terroristas do
Hamas, e depois processou o médico israelense por difamação. O ferimento do pai
ocorreu anos antes deste incidente, por militantes do Hamas em Gaza. Eles o atacaram
com machados e facas, o ferindo gravemente e paralisa seu braço direito. Ele
foi levado a um hospital israelense e tratado por um médico israelense a quem
mais tarde processou, porque quando o médico o viu dando a na reportagem da
France 2, abriu o prontuário médico para provar sua mentira.
Eu não culpo o pai do menino de mentir, por sinal. Se fosse
eu que tivesse que escolher entre mentir ou dizer a verdade e ser atacado com
machados e facas por terroristas de novo, eu tenho certeza que eu faria o
mesmo. Mas, enquanto o motivo do pai para mentir é claro – qual é o motivo do
mundo ocidental para manter silêncio sobre a verdade, e preferir continuar
acreditando num mito?
Infelizmente, estas são as regras do nosso mundo
supostamente verdadeiro. O mito foi ao ar em todo o mundo. Ele vai viver para
sempre, e quem sabe quantos outros serão "inspirados" no ódio. E
sobre a história real? Por alguma razão maluca - ninguém está interessado em
denunciá-la. Nenhum dos canais de notícias importantes que relataram o
incidente há 12 anos sentiram necessidade de denunciar a decisão do supremo
tribunal francês. Eu acho que ele vai continuar a ser nosso pequeno segredo,
então. É algo que faz você se perguntar - talvez tudo o que realmente queremos
é uma boa história com um herói?
Ah, e só no caso de você, pessoalmente, querer espalhar a
verdade e destruir o mito? Bem, você pode querer compartilhar esta história, e
tentar fazer uma pequena diferença em um mundo em que ele se tornou muito
difícil saber em quem acreditar.
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